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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

BARREIRA CORTA - FOGO

Quando uma linha elétrica atravessa elementos da construção, como pisos, paredes, coberturas, tetos, etc., as aberturas remanescentes à passagem da linha devem ser obturadas de modo a preservar a característica de resistência ao fogo de que o elemento for dotado.
Toda obturação deve atender às seguintes prescrições:
a)  deve ser compatível com os materiais da linha elétrica com os quais deve ter contato;
b)  deve permitir as dilatações e contradições da linha elétrica sem que isso reduza sua efetividade como barreira corta-fogo;
c)  deve apresentar estabilidade mecânica adequada, capaz de suportar os esforços que podem sobrevir de danos causados pelo fogo aos meios de fixação e de suporte da linha elétrica. Essa prescrição é considerada atendida se a fixação da linha elétrica for reforçada com grampos, abraçadeiras ou suportes, instalados a não mais de 750 mm de obturação e capazes de suportar as cargas mecânicas esperadas em consequência da ruptura dos suportes situados do lado da parede já atingido pelo fogo e de tal forma que nenhum esforço seja transmitido à obturação. Ou então se a concepção da própria obturação garantir uma sustentação adequada na situação considerada.
As obturações devem suportar as mesmas influências externas a que a linha elétrica está submetida e, além disso, devem ter uma resistência aos produtos de combustão equivalente a dos elementos da construção nos quais forem aplicadas. Em geral, devem ter uma resistência à chamada direta de 750ºC por três horas consecutivas.
Devem ainda apresentar um grau de proteção contra penetração de água pelo menos igual ao requerido dos elementos da construção nos quais forem aplicadas e, finalmente, devem ser protegidas, tanto quanto as linhas, contra gotas de água que, escorrendo ao longo da linha, possam vir a se concentrar no ponto obturado, a menos que os materiais utilizados sejam todos resistentes à umidade, originalmente e /ou após a finalização da obturação.
Existem no mercado materiais específicos para a finalidade de obturação (alguma “espumas”) ou, em certos casos, a aplicação de concreto magro ou de gesso como elemento de obturação pode ser considerada. No entanto, é preciso reconhecer que obturação de passagens não é especialidade de pessoas com formação na área elétrica e, neste sentido, sempre deve ser consultado um especialista no tema para definir a maneira mais adequada e os materiais mais apropriados para realizar a obturação.
No espaço de construção (poços/shafts, forros falsos, pisos elevados, etc.) e nas galerias devem ser tomadas precauções adequadas para evitar a propagação de um incêndio.
Conforme a Tabela 32 da ABNT NBR 5410 – Características dos componentes da instalação em função das influências externas, na classificação CB2, os componentes elétricos (e não elétricos) instalados em espaços de construção e galerias devem ser constituídos de materiais não propagantes de chama ou devem ser previstas barreiras corta-fogo (figura 3) ou ainda podem ser previstos detectores de incêndio.
Além disso, na Tabela 34 – seleção e instalação de linhas elétricas em função das influências externas, no caso de situações CB2 (sujeitas à propagação de incêndio), as linhas elétricas em particular devem atender ao item 5.2.2.5, o qual reforça que devem ser tomadas precauções para que as instalações elétricas não possam propagar incêndios (por exemplo, efeito chaminé), podendo ser previstos detectores de incêndio que acionem medidas destinadas a bloquear a propagação do incêndio, como o fechamento de registros corta-fogo (“dampers”) em dutos ou galerias.
Em particular, o item 6.2.9.6.8 da ABNT NBR 5410 prescreve que, no caso de linhas elétricas dispostas em poços verticais (shafts) atravessando diversos níveis, cada travessia de piso deve ser obturada de modo a impedir a propagação de incêndio.

   Revista O Setor Elétrico / Julho de 2012
Ano 7 – Edição 78
                                                                                                                               





terça-feira, 11 de setembro de 2012

NOVAS ALTERAÇÕES PREVISTAS NA ABNT NBR 5419

Com o objetivo de informar o leitor sobre as fortes tendências de alteração na ABNT NBR 5419, apresentamos este texto.
As maiores alterações previstas na revisão da ABNT NBR 5419 são aquelas relacionadas à análise de risco, dentre elas a definição da necessidade da instalação do SPDA e a forma de obtenção do nível de proteção a ser adotado em um projeto de para-raios.
No arcabouço do projeto de norma há várias particularidades que influenciarão as decisões dos projetistas quando estiverem tratando dos assuntos mencionados no parágrafo anterior, incluindo a forma de obtenção da densidade de raios (Ng) em uma determinada região.
Os textos das antigas versões (P-NB-165:1970 e ABNT 5419:1977) não faziam considerações sobre Ng e nem definiam critérios para determinação da necessidade ou não de SPDA. A partir da revisão de 1993, o assunto passou a constar do texto da norma e, desde então, Ng pode ser obtido por meio de índices ceráunicos (Td) e da relação:

Ng = 0,04 Td 1,25

No anexo A da IEC 62305-2 ed. 2 consta que Ng é um dado que pode ser disponibilizar por meio de várias redes de localização de raios pelo mundo. Estabelece ainda que, em regiões com clima temperado, se não houver um mapa disponibilizado os valores de Ng0, ele pode ser estimado a partir da relação:

Ng = 0,1 Td

Sendo assim, Td poderia ser obtido pela consulta aos mapas isoceráunicos das Figuras B.1. a) e B.1. b), anexo B das ABNT NBR 5419, porém, o mapa de curvas isoceráunicas da Figura B.1a) é o resultado de um trabalho antigo, de 1910 a 1951, feito com os poucos recursos da época, com pequena número de locais de observação (escuta e registro) de trovoadas e com diferentes períodos de observação para diferentes regiões. Na prática é um mapa de difícil utilização, pois em baixa resolução e as únicas referências para a localização de um ponto geográfico qualquer são os detalhes do contorno do país. O mapa exibe poucas curvas e grandes áreas em que a extrapolação de valores é o único recurso para se chegar a algum valor. O outro mapa de curvas isoceráunicas, apenas para região sudeste (Figura B.1.b), é mais detalhado, porém ainda com limitações.
Este mapa foi elaborado pela Cemig com dados de aproximadamente 25 anos (1971 a 1995). Os dados foram obtidos de 580 pontos de observação em Minas Gerais e de 120 pontos de observações em regiões próximas. Quando se compara dados de uma mesma região nos dois mapas nota-se diferença entre os valores dos índices ceráunicos.
Visando maior precisão na obtenção de Ng e valendo-se de novas tecnologias existentes, a Comissão de Estudos que revisa a ABNT NBR 5419, com a colaboração do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do INPE adotará uma nova forma de consulta: o índice ceráunico deixará de ser utilizado, pois os valores fornecidos pelo ELAT representam a densidade de raios de forma direta, ou seja, uma etapa de cálculo na análise de risco se tornará desnecessária. Os mapas de Ng serão apresentados por região geográfica e publicados com qualidade gráfica adequada, além disso, foi considerada a alternativa complementar de acesso via internet a uma base de dados em que o interessado lançará as coordenadas geográficas do local para obter Ng.
Alguns estudos e simulações ainda estão sendo realizados, mas espera-se ter mais este avanço incorporado no texto revisado o mais breve possível. 

Revista O Setor Elétrico /  Edição 78
Jobson Modena / Engenheiro Eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB -3 da ABNT.